Vejo medo nos teus olhos
Tão meigos mas tão distantes
A cismar um mar de escolhos
Na cidade que era dantes
Vejo a luz da poesia
Mas não tenho o seu fulgor
Passo a noite, passo o dia
A esperar o teu amor
Se te amo, é sempre tarde
Se te esqueço, mais te lembro
Resta um sol que já não arde
Entre a chuva de Novembro
Escuridão que nos separa
Em meus olhos verdejantes
Solidão que nos ampara
Na cidade que era dantes
Onde vais e de onde voltas
P’ra acalmar meu coração
Vejo só lágrimas soltas
No meio da escuridão
Se te amo, é sempre tarde
Se te lembro, envelheço
Que o amor sempre te guarde
Na cidade onde anoiteço