Mãe
oiço sempre a tua voz
quando adormeço, quando abandono meu corpo
e o mundo fica distante.
Diz-me se é tarde para ter uma infância.
Diz-me se ainda moras no meu amanhã.
Diz-me e eu saberei ir lá ter
e aprendo a chamar o teu nome.
Mãe
Nunca me desfiz dos teus silêncios
quando me olhavas em paz.
Recolhias todas as dores do mundo
e consolavas o choro do teu filho.
Apenas sei o quanto me queres bem
e confiaste à vida a minha vida,
mas agora – e sempre –
preciso repousar no teu colo
como um barco repousa no cais.
Mãe
fizeste mais por mim
do que fizeste por ti
e sei que um dia seremos um só.
Que seja eterno o nosso primeiro abraço
como o pulsar das estrelas
no início de toda a criação.