No tempo que perdi a encontrar-me
Perdi-me de mim mesmo na cegueira
De haver um coração a procurar-me
Em cada noite escura e derradeira
Eu nada sei de mim, e se soubesse
Não saberia a dor de amar em vão
Ninguém descobre a vida que merece
Na solidão que ergue do seu chão
E assim perdendo o norte da razão
Ao encontro de mim a pouco e pouco
Vou-me deixando andar pela tua mão
Ou pela mão do tempo que é tão pouco
E fiz por enganar-me de alegrias
Em todas as tristezas que vieram
Tornei minhas saudades fantasias
De quando existiam, mas não eram
E fiz por enganar-me de coragem
Em todos os cansaços que ficaram
O tempo é como um barco em viagem
As águas trazem esperanças mas secaram