Por dentro destes olhos que choraram
Lamentos de uma vida adiada
Há fontes e palavras que secaram
Em lágrimas de pedra cinzelada
Por dentro deste peito amargurado
Esconderam-se murmúrios de poesia
É como ter um cálice sagrado
E destruir no fel do dia a dia
Por dentro, às vezes névoa e tempestade,
O tempo é pranto de uma voz cansada
Enquanto alguns encobrem a verdade
Há quem saiba a razão e não diz nada
Por dentro é não estar fora de razões
Nem mesmo estando a sós com a verdade
É como semear constelações
E não colher a sua claridade
Por dentro, não por fora, tudo existe
Tudo é divino, embora humanidade
Há sempre alguma coisa que resiste
De crer no resplendor da eternidade
Por dentro destes olhos que hoje vês
Longínquas praias já se derrocaram
Mas tenho ainda a força das marés
Em lágrimas de pedra que ficaram