Nas horas da melancolia
by on Maio 19, 2017 in De rua em rua

Como se adivinhasses o medo em minhas mãos
Como se a existência fosse absurda de viver
E todos os caminhos fossem vagos, sós e vãos
Por dentro destes olhos sem ter alma a condizer

Como se de repente fosse ausência sem lugar
Um labirinto aberto onde se vai perder alguém
Uma terra de esperança que não chega para te dar
Uma ternura de loucos que não chega para ninguém

Como se fôssemos os dois
De mãos dadas com a nostalgia
Ao encontro do acaso depois
Nas horas da melancolia

Como se o mistério de tudo aquilo que passou
Habitasse cada hora do que tenho para viver
Saber se o vento leva a poeira que ficou
É a dúvida que resta a quem não quer envelhecer

As minhas mãos respiram o medo que adivinhaste
Os gestos em que tocam desabam sempre em tristeza
Mas guardam dentro ainda o ténue amor que me deixaste
Por entre os dedos gastos, frios, em vã delicadeza

Como se fôssemos os dois
De mãos dadas com a nostalgia
Ao encontro do acaso depois
Nas horas da melancolia

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