Uma vida em branco
À espera do nosso poema eterno
Empoeirado dentro de nós
Debaixo dos nossos escombros
Vida adiada – perdoa!
Perdoa não ver a nossa essência
A matéria de que somos feitos
Tudo o que herdámos do universo
Uma vida em negro
Como a imensidão do céu nocturno
À espera que nasçam novas estrelas
A reluzir na terra, ponto único de partida
Vida revolta – perdoa!
Sabemos apenas que nascemos
Apenas contemplamos e aguardamos
Algum novo vislumbramento do cosmos
Dia vazio, vida vazia
Quando poderemos mudar?
Deixamos a noite em branco
E desfazemos nossas incertezas
A vida sempre em silêncio
Como um sopro triunfal
De uma alma leve e pura
Que sempre aqui viveu
Silêncio é hora marcada
Quando a noite percorremos.
Voltamos a ver o caminho
E há um comboio na mesma estação.
(Escrito na madrugada de 29 de Outubro de 2017 em Santa Apolónia)