Além do correr do rio
Posso escutar o correr da cidade
Escuto a pressa no caos
De cada homem, de cada mulher
Não sei onde vai dar esse correr
Mas eu escuto e volto a escutar
Além da força de todos os passos
Posso ainda sentir o peso dos corpos
Vejo um desfilar de anos vazios
A perdida emoção de cada gesto mudo
O corroer de uma alma apressada
Além da incerteza da vida
Vejo muitas vidas além da minha
Observo a repetição diária no labor
A mão poisada na mente
O tempo parado nos olhos
Além de um rosto soturno
Desvendo a idade de todos os sonhos
Promessas de tantas palavras
Uma passagem sem retorno
Erros tatuados na pele de um passado longínquo
Além da solidão fora de mim
Absorvo alguma harmonia no coração
Invento a humanidade fora do mundo
Fora de toda a dimensão estelar
Como se existisse a alma fora do corpo