A noite vem poisando devagar
Sobre a terra que inunda de amargura
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura
Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura
E eu oiço a noite imensa soluçar
E eu oiço soluçar a noite escura
Porque és assim tão escura, assim tão triste?
É que talvez ,oh noite, em ti existe
Uma saudade igual à que eu contenho
Saudade que eu sei donde me vem
Talvez de ti, oh noite, ou de ninguém
Que eu nunca sei quem sou nem o que tenho
Letra:Florbela Espanca